A luta do povo está fora do parlamento

Análise de Conjuntura do Comitê Não Vote, Lute! - Parnaíba/PI. 21 de Abril de 2016. 

No Domingo, foi aprovado pela Câmara dos deputados o início do processo pelo impeachment da presidente Dilma, como indicado na análise produzida pelos companheiros de Fortaleza, em 13 de Abril deste ano. Tomamos contato, também, com o que é o circo da política burguesa: Deputados que mais pareciam participar de um programa infantil de televisão, "dedicando" seus votos aos familiares, ou a militantes dos movimentos sindicais, estudantis, populares, lideres de insurreições dos escravizados que não morreram pela farsa eleitoral, e ainda relembrando, como "heróis", os carrascos dos brasileiros durante o regime civil-militar. 
Um item, apesar das diferenças partidárias, une quase todos os parlamentares: Considerável parcela deles possui alguma pendência judicial, como indicado nas pesquisas do Instituto Lupa, disponibilizada na manhã daquele domingo no site da Revista Piauí
Com base nos discursos proferidos na ocasião, é possível perceber três posições distintas como "solução para o país", embora que nenhuma delas ultrapassasse os estreitos limites da farsa eleitoral e da democracia burguesa: 1. Impeachment, onde seus apoiadores acreditam que retirando da presidência da república o Partido dos Trabalhadores, o "Brasil estaria salvo", onde quem assume dentro da linha sucessória seria Michel Temer e Eduardo Cunha; 2. Golpe, apontando que o processo é ilegítimo e que não deveria ocorrer, e que diretamente defende  o governo petista, conclamando todos a defender uma "democracia" abstrata e que nunca foi vivida pelo povo; 3. Eleições Gerais, onde seus defensores partem do princípio de que com novas eleições, o "povo" poderia escolher novos "representantes", em que nada teria de diferença em relação as outras eleições anteriores.
Nós, do Comitê Não Vote, Lute! de Parnaíba, não defendemos nenhuma dessas propostas, pois como apontado anteriormente, com impeachment ou sem impeachment, o golpe contra o povo seguirá. Mas que "golpe contra o povo" é esse? Trata-se do ajuste fiscal, isto é, inúmeras medidas que pretendem "salvar a economia", e que para isso, sacrificará benefícios e direitos historicamente conquistados pelo povo, como a entrega de setores públicos para as mãos de empresários, como escolas, universidades e hospitais, aumento de imposto em bens de consumo (arroz, carne, feijão, gasolina, etc), assim como nas contas de energia elétrica, água e aluguel. Em outros locais do país, para aumentar a capacidade da economia (como a criação de gado, a plantação de soja, minério e o desenvolvimento de energia), serão sacrificadas as vidas e as moradias de camponeses, indígenas, quilombolas, pescadores e ribeirinhos, tendo que pela força saírem de suas terras, onde nasceram e cresceram. A perda de direitos trabalhistas também faz parte do ajuste fiscal, como o congelamento de salários, terceirização de trabalho nos setores públicos, mudança das definições de "trabalho escravo", demissão de concursados, dentre outros. Todas essas medidas já acontecem no governo Dilma e continuará a acontecer em qualquer outro governo. Por isso, assim como aponta a pesquisa do Data Popular, acreditamos que a disputa pelas eleições e pelo impeachment é "coisas de rico", já que nós, estudantes e trabalhadores, temos mais com o que nos preocupar, conscientes da continuidade desses projetos dentro da política burguesa.
Diante dessas disputas, onde o "espírito de ativista", que pretende resolver problemas de forma rápida e definitiva, usamos o "espírito de militante", que sabe que tais problemas não se resolvem da noite para o dia, que necessitarão de um amplo trabalho de mobilização, constante, consciente, e construído pela base. Nosso inimigo para o momento é o ajuste fiscal, que continuará independente de quem esteja na presidência.  Negar a farsa eleitoral como espaço de "transformação da realidade" é o primeiro degrau para o desenvolvimento da luta pela causa do povo.
Só a luta do povo, pautada na ação direta, organizada de baixo para cima, sem a interferência de partidos políticos e sem ilusões com a farsa eleitoral poderá, em curto prazo, derrotar o ajuste fiscal, e em longo prazo, esmagar aa democracia burguesa para construirmos coletivamente outra sociedade, feita por estudantes e trabalhadores. Convidamos a todos os que querem conhecer e participar da Campanha não Vote, lute!  em Parnaíba para participarem de nossa próxima reunião, que ocorrerá dia 05 de Maio, com concentração na Praça em frente a biblioteca da UFPI, às 16h. 


Manter-nos firmes contra a farsa eleitoral e pela causa do povo, com ou sem impeachment

Análise de Conjuntura do Comitê Não Vote, Lute! - Fortaleza/CE. 13 de Abril de 2016. 

Na reunião realizada no CH2 da Universidade Federal do Ceará, debatemos as possibilidades vindouras das lutas políticas pela presidência do país.
A possibilidade mais provável é que a votação que ocorrerá na câmara dos deputados neste domingo (17.04.2016) indique que processo de impedimento ocorra. Isso, porém, não aponta um "avanço do fascismo", como os governistas e suas bases (PT/JPT/Levante Popular da Juventude/; PCdoB/UJS/UNE/UBES, etc) querem pela força das palavras materializar na realidade. Essa é a disputa entre blocos do capitalismo que fazem parte do mesmo time, o time da burguesia, que seguirá tomando medidas antipovo, como a lei antiterrorista e o ajuste fiscal, cortando bolsas de estudo e trabalho em universidades públicas, aumentando o preço da luz, do arroz, do feijão e da carne, criminalizando as manifestações e facilitando a entrada de empresas e empresários brasileiros no campo, na floresta, e na cidade, (neodesenvolvimentismo), ao passo que também vai colaborar para a abertura de empresas estrangeiras no país (neoliberalismo) para substituírem o setor público. 
Esse "progresso econômico", tão difundido nas campanhas políticas, significa, por exemplo, mais mortes de camponeses, indígenas, quilombolas e ribeirinhos para a expansão do latifúndio e do agronegócio, o aumento da precarização da estrutura do ensino público em todos os níveis (municipais, estaduais e federais), e da perda de direitos históricos dos trabalhadores. 
Nessa disputa política fora da realidade do povo, percebemos também que os reformistas e suas bases (PSTU/ANEL; PSOL/RUA; PCR/UJR, etc) já se preparam para as novas eleições, mostrando assim que não possuem outro projeto político além de querer um lugar dentro do Estado, ou seja, de participar das eleições burguesas para governar a crise.
É com essas reflexões que observamos a necessidade de mantermos firmes diante da disputa entre os ricos, lutando como estudantes e trabalhadores que somos, apontando que o caminho das vitórias não será pelas eleições, mas sim pela luta constante contra nossos inimigos, mesmo diante de qualquer “possibilidade política” que surja a partir de Domingo. Com impeachment ou sem impeachment, os cortes serão dados, e a luta, até nossa vitória, seguirá. Convidamos você para participar da nossa próxima reunião organizacional, que ocorrerá dia 27 de Abril de 2016, às 18h no pátio da História (CH2/UFC).